



“Todos os que partiram / Caminhando neste deserto / E para quem o céu agora se abriu / Eles procuravam o extremo onde o mundo terminava”, dizem os versos de Pierre Reverdy evocados pelo filme que abre nossa quarta sessão de curtas-metragens. Dali em diante, uma após outra, esgueiram-se imagens sobreviventes, vestígios dessa jornada.
Uma navegação que não chega ao seu destino, um vulcão que erupciona e toma de lava tudo ao seu redor, uma morada desfeita. Noites que engolem homens, trens e linhas férreas, um rio em desaparecimento. Diante daquilo que se precipita como fim, ainda escolhas: filmar, montar, desmontar, remontar. Olhar para as beiradas dos mundos uma e outra vez, revisitá-las, reordená-las, mergulhar em seus mistérios. Na busca pelos limites a que cada filme pode chegar, encarar ainda o poente como quem sabe que toda noite guarda em si a promessa de um céu que se ilumina. (Camila Macedo)
A Viagem sem Fim
(dir: Priscyla Bettim e Renato Coelho, 2021, 10’ | São Paulo / SP)
Sinopse: Oceano Atlântico, Ano 1500. Durante a viagem das naus comandadas por Pedro Álvares Cabral estranhos acontecimentos fazem com que a tripulação se perca no espaço e no tempo sem nunca chegar ao Brasil. “A Viagem Sem Fim” é uma remontagem do clássico “O Descobrimento do Brasil” (1937), dirigido por Humberto Mauro.

O hábito de habitar
(dir: Nicolás Pérez, 2021, 16’ | Foz do Iguaçu / PR)
Sinopse: Ale e Santi e seu filho Joel, são uma família de estudantes bolivianos que residem no Brasil há muitos anos. A par do quotidiano, das suas crenças e de algumas tradições, intervêm no seu dia dia algumas memórias de um antigo território onde costumavam morar. Juntos, um dia, eles decidem cavar nessas memórias e torná-las presentes.

Cidade Entre Rios
(dir: Leonardo Mendes e Weslley Oliveira, 2021, 20’ | Teresina / PI e Timon / MA)
Sinopse: Uma busca por memórias perdidas no tempo. Um jovem pescador urbano, filho de uma geração de pescadores, mergulha numa experiência imersiva através das águas turvas dos rios que cortam a região de Teresina, fronteira entre o Piauí e o Maranhão.

Arrorró
(dir: Rafael de Almeida, 2022, 9’ | Goiânia / GO)
Sinopse: Na Espanha, a erupção do vulcão de La Palma obriga centenas de famílias a abandonar suas casas. Um refugiado colombiano aproveita o caos e ocupa uma casa vazia na ilha.

Madrugada
(dir: Gianluca Cozza e Leonardo da Rosa, 2022, 19’ | Pelotas / RS)
Sinopse: Trabalhadores arriscam suas vidas subindo em trens em movimento para recolher restos de grãos e revendê-los. Madrugada transpõe em filme essas noites de trabalho sem fim em que corpos desaparecem, engolidos pela paisagem industrial do porto de Rio Grande e pela crise econômica brasileira.
