“Todos os que partiram / Caminhando neste deserto / E para quem o céu agora se abriu / Eles procuravam o extremo onde o mundo terminava”, dizem os versos de Pierre Reverdy evocados pelo filme que abre nossa quarta sessão de curtas-metragens. Dali em diante, uma após outra, esgueiram-se imagens sobreviventes, vestígios dessa jornada.
Uma navegação que não chega ao seu destino, um vulcão que erupciona e toma de lava tudo ao seu redor, uma morada desfeita. Noites que engolem homens, trens e linhas férreas, um rio em desaparecimento. Diante daquilo que se precipita como fim, ainda escolhas: filmar, montar, desmontar, remontar. Olhar para as beiradas dos mundos uma e outra vez, revisitá-las, reordená-las, mergulhar em seus mistérios. Na busca pelos limites a que cada filme pode chegar, encarar ainda o poente como quem sabe que toda noite guarda em si a promessa de um céu que se ilumina. (Camila Macedo)