Voltamos à sala. Sentamos e olhamos pela janela do cinema mais uma vez. Há, contudo, algo de estranho. A janela já não é a mesma (ou nunca foi?). Há rasgos, buracos, lacunas que não nos permitem ver claramente. Que imagens são essas que vemos? Que sons são esses que ouvimos? Que narrativas têm ocupado a tela (e a janela) do cinema?
É preciso investigar. Reencontrar o cinema, confrontando-o. A primeira sessão do Cine dos Campos apresenta filmes que rasgam a janela, atravessam a persiana e olham para fora (e para dentro). Filmes que analisam e investigam o mecanismo de criação das imagens para inventar novos sentidos. Da reunião familiar, à comparação entre imagens do passado e do presente, entre a busca mais material pelos detalhes da imagem que pouco revela, à busca pelo apagamento da imagem que muito o faz, chegando finalmente ao questionamento direto da versão, a sessão traça linhas que nos lançam para fora dentro do cinema. Entramos pela janela para o início da jornada. Que enigma guardam essas imagens? (Gabriel Borges)